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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ARQUEOLOGIA NO RIO GRANDE DO NORTE



O

Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada

Durante muito tempo, o local onde encontra-se situado o Sítio da Pedra Lavrada, às margens do Rio Raposa, foi considerado como parte integrante do município paraibano de São José do Sabugi. Localizado numa propriedade comum aos dois estados, o referido sítio somente passou a ser reconhecido como parte do município de Ouro Branco-RN, após a realização de estudos promovidos pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em cumprimento a uma solicitação feita pelo vereador e ativista cultural Genildo da Silva Medeiros.
O entroncamento rochoso contendo as incisões rupestres encontra-se no ponto dado pelas coordenadas 6º 44' 19" S 36º 51' 54"W e está localizado a pouco mais de trezentos metros do marco limite RN-PB. Assim, após a divulgação dessa informação oficial, o referido sítio passou a ser reconhecido como parte do território ourobranquense e vem sendo objeto de grande atenção e ações visando à sua preservação.
No principal painel, disposto verticalmente, em cuja rocha suporte forma-se um poço - após uma pequena queda d’água - que conserva água não somente durante o período chuvoso, mas até os meses de agosto e setembro, existe uma grande profusão de sinais. São símbolos complexos, gravados ao longo do entroncamento rochoso em declive, até a sua base, que são cobertos pelas águas, no todo ou parcialmente, no período já mencionado.

Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada,
visto no período de chuvas

Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada,
visto no período chuvoso

O referido entroncamento rochoso, em formato convexo, mede aproximadamente 65 m de comprimento, apresentando, em determinados pontos, uma altura de 5,2 m em relação ao leito do Rio Raposa. Praticamente, o bloco rochoso se eleva no meio do referido curso d'água, ora de forma continua, ora deixando-se ser cortado pelas águas, formando pequenas ilhas de pedras, totalmente visíveis quando o leito do mencionado rio se encontra seco.
No painel principal, insculpido de frente ao painel secundário, na base do bloco de pedra, observa-se um conjunto de capsulares, seguidos de várias representações profundamente sulcadas, expressando diferentes motivos gráficos, onde se destacam mesmo ao longe, duas grandes gravuras em formatos quadrangulares, que intrigam os visitantes por sua simetria e perfeição de detalhes.
Frente ao painel principal do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, o visitante fica estático. Mergulha no passado e tenta entender, ou melhor, descobrir como o homem primitivo conseguiu produzir aqueles complexos grafismos em rocha tão dura, que representam um enigma para a civilização presente.
A Pedra Lavrada de Ouro Branco é impressionante. Ela pode até representar para alguns, mera brincadeira ou passatempo de índios desocupados. No entanto, ela representa o testemunho de um passado ali deixado por antigos caçadores coletores, que percorriam e habitavam as matas virgens do sertão do atual Seridó potiguar.

Caracteres existentes na base do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada, somente vistos durante o período de estiagens

No painel principal, é possível identificar mais de trinta caracteres, que mesmo submersos às vezes por mais de seis meses no ano, conservam boa visibilidade. Na parte superior do bloco rochoso, existe um conjunto de caracteres dispersos e de variados tamanhos, incluindo círculos, pontos capsulares e representações complexas. Nessa parte, um processo natural dá ao bloco rochoso uma coloração avermelhada. Nessa área, é possível verificar que a ação do intemperismo tem produzido algumas descamações e eliminado complemente partes dos caracteres ali existentes.
Estes sinais, gravados em rocha dura, são comumente encontrados em todo o Brasil, em paredões rochosos de grutas, em Lages de pedras ao ar livre, enfim, nas mais diversas superfícies e nos mais variados locais.

Caracteres para parte superior do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada

O painel secundário, em frente ao anterior descrito, e que também fica submersos durante o período de chuvas registrado no município, é possível também encontrar um grande conjunto de inscrições, formado por círculos, retângulos, pontos capsulares, semicírculos e outros caracteres, cujos contornos já não mais completamente visíveis.
Impressionante, é que apesar da ação erosiva produzida pelo tempo e por muitos outros fatores, as inscrições rupestres da Pedra Lavra de Ouro Branco, em grande parte, resistem "deixando características agudas de sua perfeição e dos métodos de feitura empregados pelos seus cuidadosos autores".

Caracteres para parte inferior esquerda do painel
principal do Sítio da Pedra Lavrada

Caracteres para parte inferior esquerda do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada, contornados
para uma melhor visualização

No Sítio da Pedra Lavrada, as gravuras rupestres se apresentam ora em traços bem definidos, ora com contornos formados por linhas grosseiras, que não permitem uma interpretação completa.
Na parte assinalada com a seta na foto ao lado, existe uma cavidade na pedra, somente vista com maiores detalhes durante o período em que o Poço da Raposa, formado no local, seca. Contudo, o acesso a essa cavidade é possível em qualquer época do ano, pelo outro lado do bloco rochoso, em sua parte superior. Diversos registros rupestres assinalam a abertura desse espaço entre os blocos rochosos.
Fenda na rocha, na parte inferior, à direita, do painel
principal do Sítio da Pedra Lavrada


Aspectos internos da cavidade (ou marmita), localizada
 na parte inferior, à direita, do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada

Aspectos dos caracteres rupestres existentes no interior da cavidade (ou marmita), localizada na parte inferior, à direita,do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada

A marmita formada no entroncamento rochoso que contém o principal painel do Sítio Arqueológica da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, mede, aproximadamente, 3,70 m de comprimento, possuindo uma profundidade que chega atingir 3,00 m em seu ponto máximo, com uma largura máxima de 1,70 m.
Na parte superior da abertura que liga o espaço interior ao leito do Rio Raposa, existe um conjunto de gravuras com formas bem definidas. No entanto, como uma parte da pedra suporte foi retirada, três dessas gravuras perderam consideráveis partes de seus contornos.

Aspectos dos caracteres rupestres existentes no topo do
 entroncamento rochoso, contendo o painel principal

Aspectos dos caracteres rupestres existentes num bloco
rochoso isolado, localizado à margem direita do rio Raposo,
cerca de 13 metros do principal painel do Sítio da Pedra Lavrada

Durante o período chuvoso, em decorrência das precipitações pluviais, as águas do Rio Raposa passam na frente do painel principal, submergindo grande parte dos caracteres rupestres.
Por outro lado, a falta de sombreamento impõe aos blocos rochosos que formam o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, um constante processo de esfolheamento, em decorrência dos choques térmicos: durante o dia, altas temperaturas; à noite, uma queda brusca de temperatura. Esse processo contrai e dilata os blocos de pedras constantemente, produzindo perdas em suas camadas superiores.
Cerca de trinta metros após o conjunto de blocos que contém o principal painel do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, rio abaixo, encontra-se um outro grande conjunto de pedra fragmentos, apresentando-se com se estivesse sido tombado, repleto de incisões. Algumas, apresentam boa visibilidade, outras, já sofreram a ação do tempo e encontram-se completamente apagadas.


Parte do Rio Raposa, onde o curso é dividido
em duas margens Ouro Branco-RN

O Rio Raposa - que cerca de cento e cinqüenta metros acima do entroncamento rochoso contendo o painel principal do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada – se divide em dois braços, volta a assumir um curso único, após esse segundo bloco rochoso, contendo novos caracteres rupestres.
No entanto, o principal fator que tem contribuído para o desgaste dos caracteres que compõem esse conjunto rochoso é forma como o mesmo está disposto, completamente na horizontal, sem nenhuma proteção, sujeitos aos raios solares e à ação das chuvas, bem como das periódicas inundações do Rio Raposa.
Nesse imenso conjunto de blocos, nota-se que os primitivos executores dos caracteres rupestres utilizaram a técnica da raspagem simples com posterior polimento, o que deixa as marcas mais profundas. Nesses blocos, os caracteres absorvem forma e tamanhos variados.
A falta de visibilidade apresentada pelos caracteres dificulta a identificação precisa de seus contornos. Muitos desses caracteres já se encontram completamente desaparecidos. No entanto, os poucos que ainda podem ser identificados, atestam a dimensão desse imenso painel, onde mais de uma centena de grafismos ainda pode ser identificada.


Aspectos do conjunto blocos rochosos contendo caracteres
 rupestres, localizado no meio do Rio Raposa

Durante o período chuvoso, em decorrência das precipitações pluviais, as águas do Rio Raposa passam na frente do painel principal, submergindo grande parte dos caracteres rupestres.
Por outro lado, a falta de sombra impõe aos blocos rochosos que formam o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, um constante processo de esfolheamento, em decorrência dos choques térmicos: durante o dia, altas temperaturas; à noite, uma queda brusca de temperatura. Esse processo contrai e dilata os blocos de pedras constantemente, produzindo perdas em suas camadas superiores, levando consigo, alguns caracteres rupestres.
No Sítio da Pedra Lavrada, os sinais, circulares, em losango, em retângulo, em disposição geométricas diversas, chamam a atenção pela sua excentricidade

Aspectos dos caracteres rupestres existentes num conjunto de blocos, localizado no meio do Rio Raposa, contornados para uma melhor visualização

Na análise desses grafismos é importante se promover uma observação completa de todo os painéis e nunca de apenas uma determinada gravura. Pois, através da análise de todos os painéis é possível se ter uma idéia do simbolismo que o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada possui.
O Sítio da Pedra Lavrada, de Ouro Branco, se apresenta com um corpus gráfico de gravuras. Cerca de dez metros ao norte, do bloco fragmentado acima descrito, existe uma 'tenda' de pedra, formada por dois blocos inclinados em sentido oposto, dando ao interior o formato de um triângulo. Nesse espaço, que possui uma base com quase 1,5 metros e uma altura máxima de 0,90 metros, existem vestígios de algumas pinturas rupestres. Contudo, não apresentam boa visibilidade, impossibilitando a identifica de sua simbolização.

Abrigo rochoso contendo vestígios de pintura rupestre.
Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, Ouro Branco-RN


Vestígios de pintura rupestre num abrigo rochoso,
 no Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, Ouro Branco-RN

Quanto ao bloco fragmentado existente no meio do Rio Raposa, percebe-se que nele não houve superposições nos grafismos. O que aconteceu foi um desgaste natural do suporte, produzindo ao longo de vários anos. Contudo, ainda existem gravuras cujos contornos são bem definidos.
No geral, as gravuras rupestres existentes nesse conjunto de bloco apresentam morfologia e temática semelhante. São gravuras de pés, tridígitos, retângulos, círculos e semicírculos, que se repetem por toda a extensão, tanto na horizontal, quanto nas laterais dos blocos.
Como o Sítio da Pedra Lavrada ainda não foi devidamente estudado, não há como afirmar quantas gravuras compõe seus vários painéis. É importante ressaltar que embora possa parecer simples, o levantamento de um sítio arqueológico é algo complexo, constituindo-se numa tarefa que exigem além de formação teórica, uma grande vivência de campo. 


 
Leito principal do Rio Raposa, após o Sítio
Arqueológico da Pedra Lavrada



No que diz respeito à cronologia, com relação ao sítio da Pedra Lavrada, somente pode-se obter cronologias relativas, apenas sendo possível determinar quais os desenhos mais antigos e os mais recentes.
Os grafismos encontrados no Sítio da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, possuem semelhança com as gravuras rupestres existentes no Sítio Arqueológico denomina Pedra Branca, no município de São Mamede, no Vale do Sabugi. É importante destacar, que:

Nessa região as inscrições rupestres são inúmeras. Não obstante, é unânime a presença de gravuras em baixo-relevo, que chamamos genericamente de itacoatiaras [...]. As inscrições dessa região ocorrem principalmente em painéis horizontais, decorando outeiros de grandes proporções quase sem deixar espaços livres. As gravuras são superficialmente sulcadas nos lajedos com polimento rústico no interior, cuja visualização só é possível devido à diferenciação cromática entre a superfície natural – já apresentando desgastes meteóricos, fixações orgânicas e oxidações – e o interior dos sulcos onde a rocha foi rejuvenescida pelo cinzel pré-histórico(BRITO, Wanderley. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC ED., 2008, pág. 108).

À semelhança de muitos outros sinais pictográficos do interior do Nordeste brasileiro, os grafismos da Pedra Lavrada de Ouro Branco foram insculpidos com apurada técnica. Mas, a quem atribuir tão perfeitos detalhes em rocha tão dura como o granito? Teriam sidos produzidos por uma comunidade pré-histórica, que deixou os vestígios de sua passagem, gravados nas duras rochas localizadas ao longo de nossos cursos d’água?
O Seridó potiguar é rico em registros rupestres. São gravuras e pinturas, que assumem formas e tamanhos diferentes e encontram-se espalhadas por quase todos os municípios da região, em serras, penhascos, cursos d'água e em outros lugares. 
No Sítio Riacho Verde, corre de boca em boca, que o entroncamento rochoso que contém o painel principal é 'oco' e seu interior habita uma jovem princesa de longos cabelos pretos, que costuma se banhar no Poço da Raposa, durante as noites de lua cheia.
Deixando de lado as narrativas da tradição local, tem-se que reconhecer que estudos apurados poderão determinar com as gravuras da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, foram cavadas e polidas. Para a população local, tais gravuras foram talhadas com ferramentas de metal e que mesmo assim, seus autores levaram anos para produzi-las. Observadores mais apurados afirmam que aqueles caracteres foram produzidos a partir da percussão de pedra contra pedra. Por enquanto, a forma com esse conjunto de símbolos foi produzida, ainda encontra-se mergulhada no campo da pseudológica.
No Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, as gravuras rupestres assumem diferentes formas simétricas, são retângulos gradeados, pontos capsulares agrupados, sobressaindo ainda no painel principal, círculos, contornos curvilíneos e outras formas não definidas. Alguns símbolos, atingem até 95 cm. Os pontos capsulares, formando conjuntos ordenados, possuem, em média, 1,5 cm de profundidade, enquanto que os sulcos que formam as gravuras, atingem em média 3 cm de largura, apresentando a mesma profundidade de 1,5 cm.
Como tais gravuras, em grandes painéis, encontram-se a céu aberto, estão sujeitas a ação do intemperismo e sofrem um processo contínuo de desgaste. O referido sítio já perdeu muito dos primitivos sinais e um número considerável perdendo espessura e contornos. Outros, porém, apresentam-se tão somente resquícios.
Uma das formas de preservação que pode ser indicada para o referido sítio é o registro documental das gravuras. A modelagem do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, da superfície gravada, produzida por uma equipe de especialista, preservará para as gerações futuras, o que ainda resta do mencionado sítio arqueológico.
Lamentavelmente, apesar de seu grande valor arqueológico, o Sítio da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, ainda não foi devidamente estudado. E, até alguns meses atrás era completamente ignorado pela imprensa e pelos pesquisadores potiguares.
Atualmente, o referido sítio arqueológico vem sendo procurado por número crescente de curiosos, bem como por vários de grupos de alunos de Ouro Branco, graças ao incentivo e ao trabalho de Educação Patrimonial, desenvolvidos pelos professores José Francisco de Figueiredo e Luís Figueiredo.
Após passar pelo entroncamento rochoso que contém o painel principal, o Rio Raposa novamente se ramifica: o leito principal segue em frente, enquanto que um secundário segue pela direita. Cerca de vinte metros à frente, o leito principal, pela esquerda, recebe as água de um secundário, que escorre sobre uma imensa plataforma de granito. E, após transpor o conjunto rochoso (contendo os caracteres rupestres) já abordado, poucos metros à frente, novamente absorve um curso único e assim segue até desaguar no Quipauá.
Às margens do braço esquerdo do Riacho da Raposa, uma série de ‘caldeirões’ – nome dado às covas lisas e circulares erodidas na rocha – se forma, dando à paisagem um aspecto exótico. Essas depressões de diâmetros e profundidades variáveis vêm aumentando gradativamente ao longo de milênios. 
O Riacho da Raposa, à semelhança dos demais da região, é temporário. Entretanto, quando chove em suas cabeceiras, um grande volume d’água desce, formando uma grande correnteza, cobrindo grande parte do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada. Apesar da aridez da região, o local onde se encontra o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, no município de Ouro Branco, é pitoresco. Juazeiros, carnaubeiras, angicos e baraúnas, sobrelevam-se no meio da caatinga, embelezando-a.


Marmitas existentes na parte do Rio Raposa,
acima do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada

O imenso bloco de rocha na horizontal, parecendo que foi tombado, apresenta ainda mais de 70 gravuras, que mesmo com baixa visibilidade, pode ser fotografadas e moldadas, quando, previamente contornadas.
No vizinho município de Jardim do Seridó também existe uma localidade com o nome ‘Pedra Lavrada’, localizada às margens do Rio Seridó. Ali, também é possível se encontrar“umas inscrições rupestres curiosas e que debalde se tem procurado decifrar. Dizem que o Imperador Pedro II, sabedor dessa curiosidade, incumbiu a um magistrado alagoano de procurar-lhe a explicação, mas esse erudito não acertou com o lugar das inscrições. A impressão é de que por aqui passaram pessoas pré-históricas, que deixaram inscritos naquelas pedras uns sinais dando a impressão de sua antiguidade muito afastada. Diferem muito essas inscrições das pinturas que se encontram noutras serras e serrotes do estado, feitas a tintas indeléveis [...].
Reza a crônica local, que no Sítio Riacho Verde, a poucos quilometros do Sítio da Pedra Lavrada, de Ouro Branco, em 1956, seu proprietário, o senhor Celso Afonso, encontrou vários fósseis quando promovia a retirada dos sedimentos de um tanque de pedra formado entre dois lajedos. 
Informou o professor José Nilton de Azevedo, que “para alguns pesquisadores, essa paleozoologia era de um rinoceronte, já para outros era de uma gigantesca tartaruga que existia na região do Seridó, no período da Pré-história. A interpretação é de que esse animal desceu para tomar água, porem não conseguiu subir, aí morreu e se petrificou”.
Lamentavelmente, esse acesso paleontológico, patrimônio ourobranquense, foi subtraído sem a devida autorização dos órgãos competentes, despareceu completamente e ninguém sabe o seu paradeiro. 

FOTO: ROSÁLIA SANTOS

BIBLIOGRAFIA

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SOUZA, Maurina Sampaio; MEDEIROS, Osmar. Inscrições rupestres no Rio Grande do Norte. Natal: PRAEU/Museu Câmara Cascudo, 1982. (Col. Textos Acadêmicos, ano 2, n. 214).

SOUZA, Oswaldo Câmara de. Acervo do Patrimônio histórico e artístico do Rio Grande do Norte. Natal: IPHAN, 1981.



ARQUEOLOGIA EM PERNAMBUCO

CARACTERIZAÇÃO DOS SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO 
DE FLORES - PERNAMBUCO

José Ozildo dos Santos
Rosélia Maria Sousa Santos
Almair de Albuquerque Fernandes


I - ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO MUNICÍPIO DE FLORES

                      
       O município fica situado na Mesorregião da Borborema e na Microrregião Pajeú. Sua área é de 954 Km² e seus limites são: Norte: com o Estado da Paraíba e o município de Quixaba. Sul: com o município de Betânia. Leste: com os municípios de Carnaíba e Custódia. Oeste: com os municípios de Triunfo e Calumbi.
A cidade de Flores está situada a 466 metros de atitude, com uma posição geográfica determinada pelo paralelo de 7º 52’ 45” de Latitude Sul, em sua interseção com o meridiano de 37º 58’ 54” de longitude Oeste.
Localizado no Sertão do Pajeú, o município de Flores possui clima do tipo Tropical Semi-Árido, com chuvas de verão. O período chuvoso se inicia em novembro com término em abril. A precipitação média anual é de 431,8mm. Os registros de temperatura exprimem valores que oscilam entre os 25º e 28º C.
O acesso ao município é feito através da rodovia federal BR-232 que interliga Recife à Parnamirim. A partir de cidade de Serra Talhada, toma-se a rodovia estadual PE-365, percorrendo-se 38 km até atingir a cidade de Flores.
O município faz parte da unidade geo-ambiental da Depressão Sertaneja. Possui uma paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona. Seu relevo é suave-ondulado, cortado por vales estreitos, com vertentes dissecadas.
No município de Flores, a vegetação é composta basicamente por espécime da Caatinga hiperxerófita com trechos de Floresta Caducifólia.
Quanto aos solos encontrados no município, nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos, mal drenados, fertilidade natural média e problemas de sais. No relevo ondulado ocorrem os Podzólicos, drenados e fertilidade natural média.
Inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú, o município de Flores é banhado pelo Rio Pajeú e possui ainda os seguintes riachos: da Velha, Fundo, Barbosa, do Cajá, Ramalho, da Vitória, Boqueirão, do Mocambinho, da Jurema, Pitombeira, Seco, do Meio, Cuiveiro, da Canastra, do Pau-Ferro, das Letras, do Catolé, dos Cavalos, dos Pereiras, do Santo, Pedra d’Água, Grande, Tapuio, da Onça e Baixio. Todos os cursos d’ água no município têm regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dendrítico.
Os principais reservatórios de água são os açudes Poço Grande (1.500.000m³) e Novo. Quanto às águas subterrâneas, o município está inserido no Domínio Hidrogeológico Intersticial e no Domínio Hidrogeológico Fissural.

II - CARACTERIZAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS O MUNICÍPIO DE FLORES–PE

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS – I


Latitude: 07º 59’ 21” S Longitude: 37º 48’ 98” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Capsulares polidos.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta 75 capsulares polidos ainda visíveis, gravados sobre um bloco rochoso.
Dimensões dos painéis: 58 cm de largura x 51 de altura.
Tipo de sítio: Matacão
Estado de conservação da rocha suporte: Regular.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras. O bloco rochoso com os caracteres rupestres encontra-se no leito do referido curso d’água.
Relevo: Bastante diversificado.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações de painéis rupestres.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi constatado a presença de material lítico durante a pesquisa de superfície, bem como não de obteve nenhuma informação sobre a ocorrência de traços arqueológicos no entorno.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: Pouca gente sabe do valor desse patrimônio arqueológico.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - II


Latitude: 07º 59’ 23” S     Longitude: 37º 48” 96” W
Data do levantamento: 17/04/2009
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras e pinturas.
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta grafismos puros na cor branca, gravados na parede principal do abrigo. Existem também alguns vestígios de pinturas rupestres, que, lamentavelmente, pela falta de preservação, não mais apresentam contornos visíveis.
Dimensões do painel: 1,95 m de largura x 1,40 de altura.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos e pichações. Área sujeita a inundação, mas não freqüentemente.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras. O abrigo com os caracteres rupestres encontra-se às margens do referido curso d’água.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações de painéis rupestres.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi constatado a presença de material lítico durante a pesquisa de superfície, bem como não de obteve nenhuma informação sobre a ocorrência de traços arqueológicos no entorno.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: A população local ignora o valor desse patrimônio arqueológico.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - III

Latitude: 07º 59’ 24” S     Longitude: 37º 48’ 96” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta grafismos puros na cor branca, gravados na parede principal do abrigo.
Dimensões do painel: 4,25 m de largura x 2,25 m de altura.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Regular.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos e pichações. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras. O abrigo com os caracteres rupestres encontra-se ao longo do referido curso d’água.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações de painéis rupestres.
Traços arqueológicos encontrados na área: Durante a pesquisa de superfície não foi encontrado material lítico.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: A comunidade ainda não despertou para o valor desse patrimônio arqueológico.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.
Observações: Há possibilidades de realizar escavações nesta parte do Sítio Arqueológico Riacho das Letras, visto que sua base acumula uma grande quantidade de sedimentos.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - IV

Latitude: 07º 59’ 27” S     Longitude: 37º 48’ 93” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta grafismos, gravados numa rocha, existente na borda do Riacho das Letras. Além de já terem sofrido um grande desgaste natural, tais caracteres estão completamente cobertos por fungos e liquens, fato que dificulta sua visualização.
Dimensões do painel: 2,15 m de largura x 1,90 m de altura.
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras. O matacão contendo os caracteres rupestres, encontra-se ao longo do referido curso d’água.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi encontrado material lítico durante a pesquisa de superfície.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.
Observações: Há possibilidades de realizar escavações nesta parte do Sítio Arqueológico Riacho das Letras. Na base do matacão, forma-se um poço, que encobre parte dos caracteres.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - V


Latitude: 07º 59’ 25” S     Longitude: 37º 48’ 94” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta grafismos, gravados num caldeirão que se forma numa rocha, existente no leito do Riacho das Letras. Tais caracteres, devido à sua localização e às constantes inundações, já não apresentam uma boa visibilidade.
Dimensões do painel: 3,50 m de largura x 2,30 m de altura.
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Regular.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: O matacão contendo os caracteres rupestres, encontra-se ao longo do Riacho das Letras.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi encontrado material lítico durante a pesquisa de superfície.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.
Observações: Na base do matacão, forma-se um poço, que encobre parte dos caracteres.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - VI

Latitude: 07º 59’ 26” S     Longitude: 37º 48’ 93” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Capsulares.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta seis capsulares polidos sobre um bloco rochoso, que serve de obstáculo ao curso do Riacho das Letras.
Dimensões do painel: 80 cm de largura x 1,45 m de comprimento.
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Regular.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi encontrado material lítico durante a pesquisa de superfície.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DAS LETRAS - VII

Latitude: 07º 59’ 25” S     Longitude: 07º 48’ 85” W
Data do levantamento: 17/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta várias petróglifos, gravados num caldeirão que se forma numa rocha, existente no leito do Riacho das Letras. Sujeitos a constantes inundações, tais caracteres já não apresentam uma boa visibilidade.
Dimensões do painel: 7,50 m de largura x 2,45 m de altura
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Regular.
Elementos de degradação do monumento: Sol, vento, chuva, ação de fungos. Área sujeita a inundação.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: O matacão contendo os caracteres rupestres, encontra-se ao longo do Riacho das Letras.
Relevo: Bastante diversificado, destacando-se um pequeno caynon, por onde corre o Riacho das Letras.
Vegetação: Caatinga. Mata ciliar densa e preservada.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi encontrado material lítico durante a pesquisa de superfície.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.
Observações: Na base do matacão, forma-se um poço, que encobre parte dos caracteres.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO SERRA DAS LETRAS - I


Latitude: 07º 59’ 43”S      Longitude: 37º 48’ 48” W
Data do levantamento: 24/04/2009
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras e pinturas
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta vários pequenos painéis, com gravuras e pinturas, ou, isoladamente, somente pinturas, ou gravuras. Embora registrem-se algumas depredações, os maiores desgastes dos painéis foram produzidos pela ação natural, face à natureza da rocha suporte. No entanto, é possível encontrar vários caracteres, tanto pinturas como gravuras, que ainda preservam um bom aspecto de visualidade.
Dimensões dos painéis: Variadas.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, ação de fungos e animais que habitam o local, além de pichações.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras, que corre abaixo, a uma distância de pouco mais de cem metros.
Relevo: Formações rochosas bastante diversificadas. É nesse ponto, onde o caynon, por onde corre o Riacho das Letras, assume sua maior largura e profundidade.
Vegetação: Caatinga. Mata nativa densa e bem preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações, queimadas, caça predatória.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi constatado a presença de material lítico durante a pesquisa de superfície. No entanto, colheu-se informações junto aos moradores da região, que ali, no final da década de 1980, foram encontrados no passado, alguns machados de pedra (material lítico).
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: Necessidade conscientizar à população local, sobre a necessidade de se preservar o patrimônio arqueológico da Serra da Letras.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim. Mas somente após um trabalho de recuperação do referido sítio arqueológico.
Observações: Há possibilidades de realizar escavações neste sítio pré-histórico do município de Flores-PE.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO SERRA DAS LETRAS - II


Latitude: 07º 59’ 44” S     Longitude: 37º 48’ 47” W
Data do levantamento: 24/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras e pinturas.
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta vários painéis, com gravuras e pinturas, ou, isoladamente, somente pinturas, ou gravuras. Existem subposição de gravuras e pinturas. Em número e diversidade de caracteres (pinturas e gravuras), este é o mais valioso sítio arqueológico da Serra das Letras até agora conhecido. No entanto, é o mais danificado pela ação inconsciente do homem atual. Além das pichações, o referido sítio sofre um grande processo de desgaste natural, resultante de sua localização e da natureza da rocha suporte. Mesmo assim, é possível encontrar vários caracteres, tanto pinturas como gravuras, que ainda preservam um bom aspecto de visualidade.
Dimensões dos painéis: Variadas.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, ação de fungos, animais que habitam o local, além de pichações e caça predatória.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho das Letras, que corre abaixo, a uma distância de pouco mais de cem metros.
Relevo: Formações rochosas bastante diversificadas. Destacam-se matacões, furnas, inselbergs, canyons e grutas. É nesse ponto, onde o caynon, por onde corre o Riacho das Letras, assume sua maior largura e profundidade.
Vegetação: Caatinga. Mata nativa densa e bem preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações, queimadas, caça predatória.
Traços arqueológicos encontrados na área: Não foi constatado a presença de material lítico durante a pesquisa de superfície. No entanto, colheu-se informações junto aos moradores da região, que ali, no final da década de 1980, foram encontrados no passado, alguns machados de pedra (material lítico.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: Existe a necessidade urgente de promover uma campanha junto à população local, estimulando e conscientizando sobre a necessidade de se preservar o patrimônio arqueológico da Serra da Letras.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim. Mas somente após um trabalho de recuperação do referido sítio arqueológico.
Observações: Há possibilidades de realizar escavações neste sítio pré-histórico do município de Flores-PE.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO LAGOA DO PINHEIRO

Latitude: 07º 59’ 28” S     Longitude: 37º 47’ 00” W
Proprietário: Adauto José de Rezende.
Data do levantamento: 18/04/2009
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras e pinturas
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.     
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta três painéis, sendo que dois possuem gravuras e pinturas, e, um, apenas pinturas. Num dos referidos painéis, existem justaposição de elementos. Sobressaem vários conjuntos de capsulares, em tamanho e profundidade variadas.
Dimensões dos painéis: Variadas.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, ação de fungos, animais que habitam o local, além de pichações e caça predatória.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho do Pinheiro, que corre ao lado, a uma distância de pouco mais de cem metros.
Relevo: Bastante dissecado, com afloramento de rochas, matacões.
Vegetação: Caatinga rala, vegetação típica do semi-árido.
Ações antrópicas negativas: Pichações, queimadas, caça predatória.
Traços arqueológicos encontrados na área: A pesquisa de superfície não constatou a presença de material lítico.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: Necessidade urgente de promover uma campanha de conscientização, visando à preservação do patrimônio arqueológico da Lagoa do Pinheiro.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim. Mas somente após um trabalho de recuperação do referido sítio arqueológico.
Observações: Há possibilidades de realizar escavações no local.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CAFUNDÓ


 Latitude: 07º 58’ 86” S     Longitude: 37º 44’ 35” W
Proprietário: Ernesto Henrique de Lima.
Data do levantamento: 18/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Pinturas.
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta um pequeno número de pinturas, sobressaindo alguns expressões em formato de mãos humanas, além de algumas figuras geométricas.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, inundações, ação de fungos, pichações.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho do Cafundó, que corre ao longo da declividade apresentada pela rocha suporte.
Relevo: Bastante dissecado, com afloramento de rochas, matacões.
Vegetação: Caatinga. Vegetação nativa preservada.
Ações antrópicas negativas: Pichações, queimadas, caça predatória.
Traços arqueológicos encontrados na área: Nenhum material de lítico foi encontrado durante a pesquisa de superfície. No entanto, relatos colhidos junto à população local, fazem referências a alguns machados de pedra, encontrados nas proximidades do referido sítio.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: É preciso conscientizar a população local sobre o valor que esse patrimônio arqueológico possui.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim. Mas somente após um trabalho de recuperação do referido sítio arqueológico.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CASA DE PEDRA
(SERRA DO TAMBURIL)


Latitude: 08º 04’ 57” S     Longitude: 37º 54’ 62” W
Localização: Área de preservação ambiental do Assentamento Riacho do Navio II.
Data do levantamento: 02/05/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Pinturas.
Tradições rupestres: Tradição Nordeste.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta um pequeno número de pinturas, sobressaindo alguns expressões em formato de mãos humanas, além de algumas figuras geométricas.
Tipo de sítio: Abrigo.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, ação de fungos, queimadas.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Riacho do Aguada, que corre do outro lado da serra, a uma distancia de aproximadamente 600 metros.
Relevo: Solo plano, seguido de um acentuado declive, face à elevação em que se encontra (728 m).
Vegetação: Caatinga densa. Vegetação nativa preservada.
Ações antrópicas negativas: Queimadas, caça predatória.
Traços arqueológicos encontrados na área: A pesquisa de superfície não encontrou nenhum material de lítico.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Não.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO PEDRA DOS NAMORADOS
(SEDE DO MUNICÍPIO)


Latitude: 07º 52’ 21” S     Longitude: 37º 58’ 09” W
Localização: Leito do Rio Pajeú, cerca de 1 km do centro da cidade de Flores.
Data do levantamento: 25/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta um pequeno número de gravuras, em formato geométrico.
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, sol, chuva, inundações, pichações.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Rio Pajeú, em cujo leito encontra-se o referido sítio.
Vegetação: Ausência de mata ciliar.
Ações antrópicas negativas: Pichações.
Traços arqueológicos encontrados na área: A pesquisa de superfície não encontrou nenhum material de lítico.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: A população precisa ser conscientizada sobre o valor que esse patrimônio arqueológico possui e da importância de sua preservação.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO RIACHO DA VELHA
(SEDE DO MUNICÍPIO)

Latitude: 07º 51’ 90” S     Longitude: 37º 58’ 77” W
Localização:           Perímetro urbano, por traz do antigo cemitério público.
Data do levantamento: 25/04/2009.
Registro do grafismo pré-histórico: Gravuras.
Tradições rupestres: Itacoatiara.
Descrição do conjunto rupestre: O sítio apresenta um pequeno número de gravuras, com formatos e características variadas.
Tipo de sítio: Matacão.
Estado de conservação da rocha suporte: Ruim.
Elementos de degradação do monumento: Vento, sol, chuva, inundações, pichações.
Fonte de água mais próxima do sítio rupestre: Rio Pajeú, em cuja margem direita encontra-se o referido sítio.
Vegetação: Ausência de mata ciliar.
Ações antrópicas negativas: Pichações.
Traços arqueológicos encontrados na área: A pesquisa de superfície não encontrou nenhum material de lítico.
Integração do patrimônio arqueológico com a população local: Necessidade de ações junto à população, visando conscientizá-la sobre o valor que esse patrimônio arqueológico possui e que sua preservação é algo muito importante.
Possibilidade de uso do sítio para fins turísticos: Sim.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os Sítios Arqueológicos do município de Flores ainda não foram devidamente estudados e nem mapeados. Situação idêntica também é registrada em relação a outros sítios encontrados em municípios circunvizinhos.
Lamentavelmente, todos os Sítios Arqueológicos do município de Flores apresentam problemas quanto à sua preservação. Onde não se registrar ação antrópica, existe o desgaste natural, fruto de elementos degradantes como o vento, as chuvas, as inundações, ações de fungos e de animais.
Nas proximidades da cidade, os sítios arqueológicos do Riacho da Velha e da Pedra dos Namorados, por estarem inseridos no leito do Rio Pajeú, sofrem os efeitos das inundações, produzidas pelas cheias que ali se registram. Nesses patrimônios arqueológicos, também pode-se notar a ações antrópicas. São pichações com tintas de cores variadas e picotamentos da rocha, ameaçando as gravuras ali existentes, que já não apresentam boa visibilidade, face o desgaste natural que estão sujeitas.
Os desgastes registrados nos Sítios Arqueológicos existentes no Riacho das Letras, são mais de ordens naturais. Expostos às intempéries, as gravuras ali encontradas em sete locais diferentes, sofrem os efeitos produzidos pelas cheias que ocorrem no referido curso d’água, durante os períodos chuvosos. Em alguns desses pontos, é também possível notar a ação antrópica, danificando os grafismos milenares. 
A Serra das Letras, com seus abrigos arqueológicos, não escapou das ações dos vândalos. A formação geológica do material que forma aqueles abrigos, é facilmente removido/quebrado/extraído. E, essa particularidade, facilita a deterioração dos caracteres ali encontrados. Por um processo natural, grande partes das gravuras e das pinturas ali encontradas, vem sendo cobertas por uma espécie de patina, que dar a rocha uma cor esbranquiçada, diminuindo/eliminando a visibilidade desses caracteres.
Ali, vândalos e agentes desocupados, picotaram inúmeras gravuras e pinturas, dando a estas, um novo contorno. E, eliminando completamente outras.
Situação idêntica também ocorreu no Sítio Arqueológico Lagoa do Pinheiro. Ali, além das além das pichações, do lixo deixado por turistas, das fogueiras produzidas por caçadores, o local é utilizado com abrigo para o rebanho bovino do proprietário local, e esta ação tem trazido sérios danos àquele patrimônio arqueológico.
O Sítio Arqueológico Casa de Pedra, da Serra do Tamburil, é o mais distante da sede do município de Flores. O acesso até ele é difícil. O referido sítio é formado apenas por pinturas, em vermelho, que já não apresentam boa visibilidade.
No local, elementos de degradações naturais se aliam as ações antrópicas negativas. Caçadores e lenhadores vêm utilizando o local como ponto de ‘descanso’ e de tocaia, deixando no local uma grande quantidade de lixo. E, mais ainda: sob o abrigo formado a partir da pedra que guardam as pinturas, tais visitantes vêm produzindo fogueiras, ameaçando todo o patrimônio arqueológico.
Aliado a tais ações negativas, outro fato foi constatado. Trata-se de um crime ambiental, também com conseqüências irreparáveis. Lenhadores vêm descascando os angicos de médios e grandes portes, em toda a Serra do Tamburil, principalmente, dentro da área delimitada pelo INCRA, para a formação da Reserva Ambiental, após a instalação dos assentados da Fazenda São Gonçalo, que hoje integram o Assentamento Riacho do Navio II.
Descascados, os exemplares de angico morrem. Na Serra do Tamburil, olhando em qualquer direção, é possível visualizar centenas, milhares de pés de angico, com 5, 10 ou 15 metros de altura, secos e mortos, dando a paisagem um ar de desolação.
É oportuno também ressaltar que pichações também são visíveis no Sítio Arqueológico Cafundó, onde as pinturas rupestres já não apresentam boa visibilidade. Por suas belezas naturais, o local e seu entorno são freqüentemente visitados, sem nenhum controle ou acompanhamento. É importante lembrar que a falta de projeto de proteção e de controle das visitações, podem trazer danos irreparáveis aos sítios arqueológicos.
O uso público de sítios arqueológicos é uma prática comum em vários países do mundo.  No entanto, antes de tudo, deve-se estabelecer critérios básicos para que os sítios rupestres possam ser inseridos num sistema de visitação controlada.
Inicialmente, a comunidade local deve ser trabalhada, orientada e conscientizada da necessidade de se preservar os sítios arqueológicos. É consenso, que o envolvimento da população local na preservação e proteção do entorno do bem cultural é algo fundamental ao êxito de qualquer projeto relacionado a esses patrimônios.
Esta participação popular deve acontecer desde o início. Pois, esse envolvimento no projeto, possibilita o surgimento de uma maior preocupação com a preservação do patrimônio arqueológico em questão, garantindo que gerações futuras possam dele dispor.
Resumidamente, quando se pensa em utilizar um patrimônio arqueológico para fins turísticos, deve-se, antes, observar as seguintes considerações:
a) Estabelecer critérios para que os sítios rupestres possam ser visitados (visitação controlada);
b) Proteger os sítios onde há possibilidades de sedimentos arqueológicos;
c) Incentivar a Educação Patrimonial;
d) Elaborar informações corretas sobre os sítios rupestres;
e) Dotar os sítios selecionados de uma infra-estrutura mínima para a visitação.
ANTE AO EXPOSTO, fazemos algumas recomendações, levando em consideração a necessidade de preservação dos sítios pré-históricos, existentes no município de Flores.
Nos casos específicos dos Sítios Arqueológicos Serra das Letras e Lagoa do Pinheiro, o Poder Público Municipal deve observar:
a) Promover medidas/ações visando evitar o acesso de turistas e estudantes, aos referidos sítios, pois tratam-se de abrigos pré-históricos, contendo sedimentos arqueológicos;
b) Incentivar a pesquisa arqueológica, dando apoio aos pesquisadores para desenvolverem estudos na área;
c) Solicitar a ajuda da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDAHAM), em São Raimundo Nonato-PI, para a restauração dos painéis dos sítios, cujos grafismos foram bastante prejudicados pela ação antrópica;
d) Concretizadas as ações definidas na alínea ‘c’, deve-se desenvolver esforços, visando a transformações dessas áreas em Parques Arqueológicos Municipais, evitando, assim, maiores impactos ao meio ambiente e maiores danos ao patrimônio arqueológico.
No caso específico da Lagoa do Pinheiro, que é um sítio arqueológico em área aberta, bastante exposto às ações antrópicas negativas, deve-se também adotar, imediatamente, as seguintes medidas:
a) Incentivar a Educação Patrimonial junto à população local, nas escolas da rede pública municipal;
b) Implantar barreiras de proteção física do sítio para evitar contato direto com as pinturas e gravuras rupestres;
c) Desenvolver medidas de proteção da paisagem natural do entorno.
Quanto à área do entorno da Casa de Pedra, da Serra do Tamburil, onde crimes ambientais vem sendo registrados, lembramos que na atualidade, existe uma tendência de transformar as áreas que contém sítios arqueológicos, em Unidades de Proteção Integral.
Assim sendo, visando à proteção dessa área e de seu patrimônio arqueológico, a Prefeitura Municipal de Flores, através da Secretaria de Turismo, deve promover uma mesa-redonda, com a participação de técnicos do IPHAN, IBAMA e da Universidade Rural de Pernambuco, para discutir a possibilidade de transformar essa área em Unidade de Proteção Integral, destinada, conforme as diretrizes do IBAMA, à conservação da biodiversidade, à pesquisa cientifica, à educação ambiental e à recreação.
Relembramos que a proteção de um sítio arqueológico deve ser feita em completa harmonia com o meio ambiente, evitando-se, assim, os impactos ambientais e as agressões ao ecossistema.

FOTOS: ROSÉLIA SANTOS

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