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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

VOCÊ É O LAVRADOR


O bom lavrador não se preocupa com o clima. Ele planta sua semente bem plantada, e trata cuidadosamente do solo, porque ele sabe o que ela será capaz de produzir. O lavrador competente não planta quando o vento sopra forte; ele espera até o momento em que haja calma e tranqüilidade. Só então lança sua semente no solo, fazendo isso com amor e oração.

Você é o lavrador. Seus pensamentos são as sementes que você planta; são eles a causa de cada uma das condições que permeiam a sua vida. Seu sucesso, sua saúde, suas finanças e todos os seus relacionamentos são frutos da semente que você plantou. Se você aspira a uma abundante colheita e a frutos saudáveis, antes de qualquer coisa você tem que tratar com muito carinho e atenção do solo da sua mente.

Livre-se o mais rapidamente possível das ervas daninhas da dúvida, do medo, da crítica e do autojulgamento, bem como do julgamento que faz dos outros. Limpe a sua mente das áreas pedregosas, da reclamação, da lamúria, do ciúme, da vingança e do apontar o dedo para outras pessoas, num lançamento de culpa inútil e frustrante. Com os olhos voltados para Deus e confiança nos princípios que geram preciosos frutos, plante cada pensamento com cuidado e oração. Aí, sim, sua colheita será farta, repleta de frutos saudáveis.
Para Meditação:
...pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Galatas 6:7

domingo, 25 de setembro de 2011

Pico do Jabre e o turismo como alternativa: Coluna de Carlos Berlamino



Pico do Jabre, ponto mais alto da Paraíba, seguido pelo Pico do Paulo, e o terceiro do Nordeste.
Localização: Matureia (PB) na Serra do Teixeira foi transformado em Parque Esta-dual através da Lei 23.060 e possui uma área de 50 hectares de mata úmida. Sua flora é constituída de Angico, Cedro, Umburana, Quixaberia e Arueira. A sua fauna é composta por espécies de macaco, répteis, tamanduá, gato da mata, maracajá e ainda um pouco de onça sussuarana, quase extinta nos Estados Nordestinos.
Na área do parque existe diversos tipos de processos degradacionais como ausência de conservação, exploração dos recursos naturais e ação antrópica além da falta de um tra-balho de Educação Ambiental mais efetivo onde devera ser promovido a conscientização da população quanto ao meio ambiente, principalmente no que se refere a temática resíduos sólidos (lixo).
Sendo grande a existência antenas de comunicação que provocam a poluição visual e descaracterização natural da área. Um dos pontos que merece atenção governamental é a desapropriação da área que custara aos cofres do Estado cerca de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), pois é uma área privada, onde existe mais de 22 proprietários. A Prefeitura e ONG’s vem fazendo algo, mais alegam não ser de sua competência já que foi transformado legalmente em Parque Estadual.
O Pico do Jabre possui relevo ondulado, com áreas cristalinas e elevadas e esta en-cravado no alto sertão paraibano, na mesoregião da Serra do Teixeira, no município de Ma-tureia (PB), numa pequena área territorial de 86 km², com clima seco e úmido, pluviosidade 800 a 1000 mm e temperatura média de 22° a 24°c. O acesso a partir de João Pessoa via Br 230, distante 312 km da capital, da cidade de Teixeira a Matureia pela Br 306, percorremos 45 km.
Os principais pontos turísticos de Matureia (PB) vem sendo bastante conhecidos por visitantes do Brasil e de outros paises onde destaca-se o Casarão do Jabre, que foi criado com os seguintes objetivos:

•    exploração natural da Região;
•    manejo racional da natureza;
•    desenvolver a Educação Ambiental pública, propiciando atividades recreativas junto à comunidade;
•    fornecer apoio e servir de base para pesquisadores e cientistas;
•    preservar o Pico do Jabre;
•    sediar eventos como: peças teatrais, shows, exposições culturais, treinamentos na área de Ecoturismo, Cultural, Histórico através de seu Museu Arlindo Dantas Mon-teiro.
No que se refere Pontencialidade Turística pose-se explorar: a prática do rappel, vôo livre, escalada em rocha, treaking e outros esportes radicais.
Pedra da Tourana (rappel); Pedra do Caboclo – Turismo Cultural (escultura natural, pré-história e arqueologia);Turismo de Contemplação e Ecoturismo; Pedra da Balança; Pe-dra do Letreiro; Pedra do Pintor; Pedra do Talhado; Buraco do Velho Cícero; Poço das Ba-naneiras; Trilha do Pai Dantase Pico do Jabre
Menciona o Jornal O Correio da Paraíba, de 14/03/99, que o nome Matureia tem como topônimo maturecencias, maturi, etc. Onde o termo Matureia é uma corruptela de um arcadismo português, originário da Ilha da Madeira. O termo em desuso é maturelha,     que significa o fenômeno da vegetação da floração abundante da árvore frutífera, com certeza a árvore Maturelha era o cajueiro nativo, produtor de maturis, cajus. Palavra caju é de origem indígena. O termo caju significa fruta pequena, que vem do fenômeno da floração do cajuei-ro. Os antigos moradores definiram Matureia como “safra de caju” onde se tem a comercia-lização econômica oriunda da exploração dessa fruta e seu pendúculo.
MEDEIROS, CORIOLANO. jr Dicionário chorografico do Estado da Paraíba, im-pressão Oficial, João Pessoa: 1914.112p
TURISMO, A União n, 34, 23 de julho de 2006.26p
Disponível em: www.ferias.tur.br/informações/matureia-pb > acessado em 14/10/2008
Disponível em: www.diariodaserra.net > acessado em 14/10/2008
Decreto Estadual n° 14.834, de 19 de outubro de 1992. publicado no D.O.E, de 20/10/92
Disponível em: blogdomarcowordpress > acessado em 12/102008
Núcleo de Jornalnorte.com.br
Matureia: Turismo do Pico do Jabre, O Norte, “João Pessoa, 04/02/2005. cidades.
Núcleo de Jornalnorte. Pico do Jabre: agentes viagem percorre o sertão para elabo-rar roteiro temático, O Norte, João Pessoa, 02/04/2006.
LUCENA DAMIÃO, Casarão do Jabre abriga Museu do Pico do Jabre, João Pesso-a, 14/03/99. Caderno Turismo – 2 e 3.
SOUZA FERNANDA, Jabre é o pico das rotas Ecológicas: são 1.197 metros acima do nível do mar. 14/03/99
SUDEMA – Superintendência do Desenvolvimento do Meio Ambiente – Governo Estadual

Como chegar saindo de João Pessoa/PB


 

O culto e o cultivo da criação

Reflexões sobre a vida, a fé, a ecologia, a terra e a água para crianças, adolescentes e lideranças.


Estamos retornando a terra para resgatar nossa vida, descobrir nossa dignidade e nossa complexa relação com todos os seres vivos. A sacralidade da terra nasce da nossa afirmação de fé, de que a natureza é dom de Deus, é mãe, fonte de todas as formas de vida. Esta consciência deve nos levar a agir com respeito e reverência pela terra, que na Amazônia é mais água e terra molhada da várzea. Ações coordenadas, diversificada, em unidade, trabalhando em conjunto com todas as igrejas. Nossas ações em relação à sacralidade da terra deve brotar da vida dos povos que habitaram por séculos nestes rios e florestas, suas tradições e práticas.

O texto de Gn 1. 27-31, nos fala da criação do ser humano o poder e o dever que Deus deu a este ser, ou seja, cuidar, zelar, cultivar e dominar toda a criação. Vivendo em harmonia com a perfeita ação criadora. Bem sabemos que o ser humano não cumpriu com seu dever e fez de seu direito uma devastação e destruição da natureza, que foi criada para receber, proteger e alimentar o ser humano.

A natureza gera riquezas à comunidade. É preciso explora-la, mas sem danificar. No contato com a perfeita criação de Deus o ar puro deve entrar em nossos pulmões para sentirmos este sopro de vida limpo, puro, com um perfume que nos embriaga de prazer, invadindo nosso ser. Quando em contato com a terra e a água, crianças e adolescentes parecem pequenas brasas que unidas umas às outras flamejavam com a potencialidade da natureza. Fazem do seu corpo uma extensão da natureza. Podemos perceber o regozijo da criatura em contato direto com a criação de Deus. Como é perfeita a natureza, como é bonito o que Deus fez. Toda essa beleza nos leva a assumir um compromisso: Fazer com que o culto à natureza nos oriente para o bom cultivo das belas riquezas naturais que temos iniciando com a conscientização dos que ainda estão abertos para o novo.

Nossas comunidades de fé podem desencadear um conjunto de ações para proteger o meio ambiente. Nossas ações precisam atingir primeiramente as mentes e os corações, pois sem amor e afeto não será possível cuidar da terra. Uma nova mentalidade de relação com a natureza pode nascer de processos educativos que geram consciência e ações coletivas e individuais. Nossas comunidades religiosas vivem nos ritmos da vida de Deus presente na história e nas etapas da vida humana (nascimento, morte e ressurreição). A vida humana também se move junto com a natureza. Rememorar, celebrar esta relação intima com a terra em tempos específicos, em nossas igrejas, faz parte do conjunto de ações para proteger a Amazônia.

Estamos em um tempo de democracia, mas é uma democracia de luta pela preservação através da conscientização. É o tempo no qual crianças, jovens, adultos e todas as autoridades eclesiais, cientificas e políticas são protagonistas coletivos no cuidado, no culto e cultivo da criação. Para sermos protagonistas precisamos conhecer e refletir sobre esse conhecimento.

Nos propomos ousadamente à ressignificação dos termos dominar e sujeitar de Gn 1.26-29. O termo dominar foi entendido no mesmo sentido em que dominamos uma língua, ou, conhecemos uma terra, e o termo sujeitar no sentido de tornar a terra sujeito e não um objeto do ser humano. A terra e o ser humano como criação divina. Essa nova compreensão dos termos implica nossa responsabilidade de conhecer a terra, sinônimo de vida, e recriar o mundo corrompido pelo próprio ser humano, de modo que o cultivo da criação seja um diálogo entre dois sujeitos: os seres humanos e a natureza.

Nossas ações devem partir da realidade local, elaborando material educativo que estimule nossas igrejas a refletir e agir em favor da proteção ambiental. Os vários setores da sociedade local precisam ser envolvidos e atingidos pelas campanhas, usando dos meios de comunicação de massa. É no tecer das palavras que surge o compromisso de todos e todas para fazer o que é mais conveniente.

Um dos temas geradores pode ser o de recriar espaços. Para recriar o espaço é necessário recriar o “sentimento de pertencimento” que está ligado ao passado de cada um e dar esperanças para o futuro. Um passado que lhes concedeu uma base para a construção permanente de sua identidade, relembrado em cada pé de flor, em cada pé de árvore ou banho de rio. Não importa o que simbolize este passado, importa que essas coisas externas lhes devolvam o sentimento de pertencer a algum lugar. Recriar o sentimento de pertencimento é necessário para restaurar a possibilidade do cuidado com a natureza, com a vida familiar e comunitária para assim revitalizar os valores, as concepções e a responsabilidade de cada um com a bela criação divina.

Há a esperanças de que o ser humano seja valorizado e respeitado pelo que ele é. E este respeito virá pela qualidade da semente que semeia, para si e para o próximo. Esta semente recheada de conhecimento e amor prenuncia uma colheita de frutos recheados de carinho, respeito e amor pelo seu semelhante, pela criação e seu criador.

Nós, como representantes de entidades religiosas sabemos de nossas limitações, pois, muitas vezes, queremos levar Deus e Deus já está lá; queremos transformar o mundo e as mentes por nossa própria força e isso não depende de nós; queremos ver os frutos imediatos e por ironia os frutos não amadurecem do dia para a noite; queremos dar lições e recebemos lições; queremos tirar a dor e o sofrimento causados pelos conflitos e esquecemos que eles fazem parte da caminhada. Afinal, para haver ressurreição, houve antes a cruz.

Enfim, nos perguntamos sobre a nossa real função ou missão nessa caminhada de preservação do meio ambiente, mas a resposta não está em nós. O Espírito Santo nos responde dizendo: “A vossa missão não é apenas fazer celebrações, palestras e folhetos educativos, mas também estar junto com o povo e o governo, pondo as mãos na terra e na água e não apenas nos livros e microfones. Sim, devemos celebrar o culto e o cultivo da criação tendo contato direto com toda a criação divina”. Celebrarmos juntos a vida conversando, ouvindo, sorrindo, abraçando, dançando, brincando, cantando, orando, partilhando, alegrias e tristezas. Essa celebração é a festa da vida. Uma festa que contempla a concretude da vida; a vida como um culto a Deus, a vida como um todo, a vida como ela é. Sofrimento e ódio, glória e amor, luta e esperança.

Nossas ações devem ser globalizadas, compreendendo as interconecções tanto na perspectiva ecológica, como sócio-econômica. A Amazônia é parte tanto da cadeia de vida do planeta como parte dos grandes interesses econômicos atuais. Cabe as nações do mundo, principalmente aquelas que não assinaram ou não implementaram adequadamente os compromissos internacionais de proteção ambiental, de fazerem sua parte nos projetos de sustentabilidade, reciclagem, redução da poluição, de relembrar nossa história de relação com a terra.

O povo espera que lancemos uma nova semente. Uma semente que transforme a terra improdutiva em alimento precioso, água poluída em fonte de vida. Uma semente que transforme a própria vida em sementes de esperança. Sementes lançadas no corpo e na alma, para que nos desafiem a cultivar e, finalmente, celebrar a colheita farta que virá. Sementes de fé e de vida que lembrem que a luta continua, a reflexão continua.

Compreensão Sobre a Vida no Planeta

Como religiosos e religiosas de diversas religiões e Igreja Cristãs, fundamos nossa compreensão sobre a vida no planeta numa mirada Teológica, cosmocêntrica, humanitária e macro ecumênica.

Afirmamos que a terra é sagrada e professamos, que tudo o que nela respira e subsiste, tem o sinal original e divino do Deus Criador, Salvador e Vivificador.

Afirmamos que a terra é sagrada e nos colocamos diante dela com reverencia, admiração e respeito, recebendo dela o alimento essencial para a subsistência e evolução da vida.

Afirmamos que a terra é sagrada e, por isso é nossa missão continuar criando-a, num exercício cósmico e cotidiano, como de um artista, com o objetivo de representa-la aperfeiçoando-a e não de explora-la e destruí-la.

Afirmamos que a terra é sagrada e por isso combatemos com veemência a falsa ideologia religiosa, políticas, econômicas, que defendem, que "os recursos naturais são limitados e que nunca irão se acabar".

Afirmamos que a terra é sagrada e, por isso denunciamos profeticamente, toda forma de violação, mercantilização e extinção, de todas e qualquer foram de espécies animais, e vegetais ou minerais existentes. Afirmamos que a terra é sagrada quando sabemos dela cuidar, decidimos ter com ela uma relação fraternal de amor e afeto, nos colocando a serviço de toda a criação, como verdadeiros pedagogos, que ensinam e aprendem a sublime e exata forma comunicação interativa e de convivência pacifista.

Afirmamos que a terra é sagrada quando sentimos com ela suas dores e sofrimentos, alegrias e realizações, sonhos e utopias, como um irmão e amigo sente, choram e se alegra com o outro.

Afirmamos que a terra é sagrada ao defende-la do inimigo predador que atua sem piedade, transformando-a em objeto de satisfação egoísta e fonte de lucro pelo lucro.

Afirmamos que a terra é sagrada quando fazermos uma verdadeira aliança assumindo os erros do passado e nos comprometemos com a defasa da justiça e do direito, no presente e no futuro.

Afirmamos que a terra é sagrada, quando lutamos e apoiamos ações humanistas e libertárias, que dão razões viáveis de nossa fé, de nossa esperança e de nosso amor. Principalmente de nosso amor, porque ele permanece para sempre, dele dependemos e nele movemos e somos.

Por fim, afirmamos que a terra é sagrada, quando temos consciência e sabedoria, capazes de olhar e sentir o pulsar da vida verdadeira, que se releva e irrompe na beleza e exuberância das águas, do toque artístico enverdecido das florestas, nas melodias e encantadoras da passarada, nas vigilâncias ecóicas dos principais guardiões e guardiãs da criação: os povos das florestas e seus fieis descendentes e seguidores.

A alternativa que propomos é esta: esforçar para viver aquilo que afirmamos. Precisamos antes de tudo, tomar cada dia mais consciência e trabalhar incansavelmente para formar novas e livres consciências, que compreendas as reais limitações e escassez de nosso planeta. Precisamos aprender a consumir exata e somente aquilo que nos é necessário, como nos ensinou Jesus Cristo em sua oração: “pai nosso... dá-nos o pão cotidiano” que precisamos para viver com dignidade e “livra-nos do tentador” que nos seduz ao excesso e ao acúmulo.

Pe. Ricardo Castro
Cat. Traudi Margarida Kraemer
ulo Sérgio

JESUS MINHA ALEGRIA (atos 16:23,26)

Jesus, minha alegria (Atos 16:23-26)
É fácil cantar na igreja, qualquer um pode fazê-lo. Quando a porta da prisão está aberta, isto é, a vida tem fluído sem problemas, normalmente todos cantam e glorificam o nome do Senhor. A alma cristã, todavia, tem que cantar na "prisão" (nos momentos íngremes da vida, quando o cinto aperta).
Você poderia afirmar, com convicção, que Jesus é sua alegria? Para o apóstolo Paulo e Silas esta era uma verdade em suas vidas. Entendamos um pouco melhor esta questão e quem sabe consigamos aplicá-la em nosso dia a dia.

1. Dificuldades acontecem (vv. 23, 24)
"Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu instrução para vigiá-los com cuidado. Tendo recebido tais ordens, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco."

Problemas, sofrimentos, circunstâncias difíceis: quem não os têm?

A vida é semelhante a uma viagem em alto-mar: mar azul, tudo tranquilo, quando, de repente, surge uma tempestade. Aconteceu assim com os apóstolos. Ia tudo bem, fazendo a obra, então começaram a ser açoitados (severamente açoitados), jogados no fundo da prisão, pés preso a troncos, costas sangrando, extremamente maltratados.

Certamente você já deve ter vivenciado algo semelhante em sua vida. Tudo ia muito bem e sem você esperar sua vida deu uma reviravolta. O que fazer? Reclamar? Murmurar? Desesperar-se? Culpar a Deus? Amaldiçoar o dia de seu nascimento, tal como fez Jó? (Jó 3:1) Ou lembrar que "O Senhor é bom e seu amor dura para sempre"?! (Salmo 106:1) Para isto, precisamos ao menos tentar atingir:

2. O ideal cristão (v.25)
"Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam."

Estavam sem sono (dores, posição desconfortável, lugar úmido, fétido), situação terrível. Mesmo em meio a tudo isto, eles oravam e cantavam hinos a Deus! Aqui encontramos um IDEAL CRISTÃO colocado em prática, isto é, vivido por um servo do Senhor: alegria em meio à tribulação. Se esta fosse um mandamento, eu e você não o praticaríamos. Pode ter certeza! Paulo teria de cantar só, pois jamais faríamos conjunto com ele, como vimos no relato bíblico.

Segundo alguns comentaristas, essas orações não eram para que fossem libertados da prisão, mas sim de louvor e adoração a Deus. Essa atitude, portanto, chamou a atenção dos outros presos que ouviam maravilhados.

Lembre-se: nos momentos difíceis pelos quais passamos, sempre há pessoas escutando nossas reclamações, ou hinos de louvor e adoração e oração. Estão ouvindo! Atente-se para isso.

3. Vencendo a amargura das circunstâncias difíceis (v. 26)
"De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram."

O poder de Cristo para vencer as dificuldades da vida não era uma canção de fuga, era, porém, o perfeito contentamento no problema, na tribulação, na prisão; aqui está a maravilha do triunfo cristão.

É fácil cantar na igreja, qualquer um pode fazê-lo. Quando a porta da prisão está aberta, isto é, a vida tem fluído sem problemas, normalmente todos cantam e glorificam o nome do Senhor. A alma cristã, todavia, tem que cantar na "prisão" (nos momentos íngremes da vida, quando o cinto aperta), pois, mesmo nesta situação, o controle está nas mãos divinas e não há por que reclamar, murmurar, blasfemar, ficar amargurado ou decepcionado com Deus. O seu cantar na "prisão" é mais bem ouvido pelos que estão ao seu redor, ainda que não estejam "aprisionados".

A música que eles entoavam era como que uma bela canção aos ouvidos do Senhor. O que, porém, faz nascer ou surgir esta música em nossas vida? A comunhão com Deus! Você pode fechar o homem na prisão - ainda que seja no sentido literal da palavra -, mas não pode fechá-lo, ou seja, impedi-lo da comunhão com Deus. E é essa comunhão que faz nascer a canção de adoração e gratidão em nossos corações.

De repente, um terremoto! A mão do Senhor tocando a terra e chacoalhando a prisão para libertar seus servos; tratava-se de um fenômeno natural, corriqueiro ou uma coincidência qualquer? Não importa! Era o poder de Deus libertando-os; a solução do problema ocorreu, o ideal foi alcançado, o Senhor agiu, como sempre o fez e fará!

Não pense que você é Paulo, e nem que tem um terremoto ali na esquina esperando por você! Tenha, no entanto, a certeza de que, nas dificuldades, se você tentar alcançar aquele ideal cristão, Deus não o deixará naquela prisão para sempre.

Creia nisto! Creia agora

sábado, 24 de setembro de 2011

A ARTE RUPESTRE NA PARAÍBA

UM ESTUDO SOBRE O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA LOCALIDADE ALGODÕES, NO MUNICÍPIO DE CONDADO 


Almair de Albuquerque Fernandes

1 APRESENTAÇÃO

A arte rupestre é considerada o único vestígio deixado de forma consciente e voluntariamente pelos homens pré-históricos. Ela representa os mais expressivos registros do comportamento humano sobre as relações com o meio natural (CARVALHO et al., 2005). No Brasil, especialmente na Paraíba, apesar da grande quantidade de material de arte rupestre localizado, o estudo sobre o assunto ainda é restrito.
Afirma Almeida (1979, p. 21), que “todo vestígio antigo deixado pelo homem na sua passagem pela terra, constitui um sítio arqueológico. As pinturas e gravuras rupestres - a denominada arte rupestre - são sítios arqueológicos”.
Na visão de Santos (2007, p. 37), “os sítios de arte rupestre se configuram como monumentos singulares e de valor incontestável, pois retratam fragmentos do cotidiano humano”.
Gaspar (2003) acrescenta que a arte rupestre consiste em representações gráficas elaboradas em suportes rochosos, presente em diversos ambientes freqüentados pelas culturas pré-cabralinas.
Na literatura sobre arqueologia brasileira o termo arte rupestre engloba tanto as pinturas como as gravuras. As gravuras consistem em representações elaboradas através do picoteamento ou incisão no suporte rochoso.
Para Gaspar (2003), que as técnicas de pinturas detectadas através de análises revelam o uso de fricção de um mineral sobre o suporte rochoso, usos da madeira com função de pincel, uso da própria mão e até mesmo elaborada através de sopros do pigmento sobre a rocha.
Almeida (1979), abordando as técnicas utilizadas pelos ‘artistas’ primitivos, afirma que a gravura rupestre consiste na execução de desenhos por meio de sulcos na pedra bruta. Além da pintura e da gravura, também existe na arte rupestre a técnica do baixo-relevo.
No entanto, apesar de sua importância no contexto histórico-antropológico, a arte rupestre é pouco valorizada, limitando-se sua discussão ao meio acadêmico.
Diante dessa realidade e observando as considerações expostas, esta pesquisa pretendeu avaliar a arte rupestre, numa visão mais científica, afastando o misticismo e a crendice popular, focalizando a necessidade de se preservar o sítio arqueológico da comunidade Algodões, no município de Condado-PB, sob todos os aspectos.

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A ARTE RUPESTRE NO BRASIL

Itaquatiaras, pedras lavradas, pedras pintadas, gravuras, pinturas, letreiros, glifos, litóglifos, petróglifos, pictografias, litografias e hieróglifos brasileiros, são termos empregados pelos vários autores para designar as inscrições rupestres existentes no Brasil.
De acordo com Ozildo (1990, p. 11),

A primeira referência sobre a arte rupestre no Brasil, nos foi dada por Ambrósio Fernandes Brandão em seu livro ‘Diálogos das Gran­dezas do Brasil’, escrito em 1618. Trata-se de pinturas e gravuras situadas em terras paraibanas, cujas informações foram fornecidas ao autor por Feliciano Coelho de Carvalho, capitão-mor da Capitania da Paraíba, que visitara no dia 29 de dezembro de 1598 a locali­dade denominada ‘Arasoagi­pe’, onde foram encontradas as referidas gravuras e pintu­ras que, presume-se, tratar-se hoje do município de Araçagi e do rio do mesmo nome.

Quando o homem civilizado foi adentrando o interior do território brasileiro, foi encontrando os primeiros registros rupestres. Este fato chamou-lhe a atenção. E, mesmo perguntando aos indígenas da época, não encontrou respostas para suas observações e, de certa forma, influenciado pelas narrativas nativas, passou também a relacionar esses registros ao misticismo.


Informa Souza (1991), que no século XVII, o padre Francisco Teles de Menezes registrou 274 sítios arqueológicos com gravações e pinturas no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco, interpretando-os como mapas de tesouros.
Por outro lado, vários escritores antigos citaram as gravuras e pinturas existentes ao longo do territó­rio brasileiro como sendo tes­temunho de passadas civilizações, deixando claro que aqueles registros rupestres não foram produzidos pelos indígenas encontrados pelo elemento luso descobridor, no século XVI.
Nessa mesma linha de pensamento, afirma Almeida (1979, p. 23), que

As gravuras e pinturas brasileiras e, em particular, as pa­raibanas, foram executadas pelos antigos habitantes da região - os indígenas - o que não quer dizer que tenham sido executados, obrigatoriamente, pela população que os portugueses encontraram no Brasil no século XVI. Podem ter sido obra de grupos indígenas extintos ou que não mais habitavam o local à época do descobrimento.

O elemento indígena encontrado pelo luso descobridor no século XVI não conhecia e nem fabricava instrumentos de ferro. Desta forma, ele não teria condições de trabalhar a rocha dura e nela fazer inúmeros desenhos, ricos em detalhes como os encontrados na Pedra do Ingá, considerada um monumento arqueológico nacional. É mais aceitável que tais monumentos sejam obras de grupos indígenas extintos.


 Através das gravuras e das pinturas, os primitivos habitantes do Nordeste brasileiro deixaram as marcas de sua presença, como meio de mostrar os vestígios de seu cotidiano. Esses vestígios constituem “parte do sistema de comunicação do qual se preservavam apenas as expressões gráficas que resistiram ao tempo” (GASPAR, 2003, p. 2).
Observa Oliveira (2005, p. 471), que

Ao longo do tempo, a visão sobre a arte rupestre variou de acordo com a visão de mundo dos diversos pesquisadores. Primeiramente pensou-se que a arte rupestre teria sido produzida como um simples prazer estético. Depois sela passou a ser explicada como fruto da magia, com o objetivo de intervir na vida real, como, por exemplo, a Magia da Caça ou a Magia da Fertilidade. Outros autores a viam como uma forma de escrita associada a uma civilização megalítica de Atlântida ou como lápides mortuárias onde constava o nome e a genealogia do indígena.

As pinturas e gravuras rupestres encontradas no Brasil estão situadas em locais comodamente atingíveis ou em lugares alcantilados de acesso difícil. Em alguns desses sítios arqueológicos são vistas figurações primitivas e em outros, desenhos artísticos elaborados em grandes painéis no interior de grutas ou a céu aberto.


Nesses painéis, é comum encontra figuras de variadas formas geométricas planas, ora evocando seres humanos (antropomorfos) ou partes do corpo; mãos e órgãos sexuais masculinos (símbolos fálicos), ora plantas (fitomorfos) e animais (zoomorfos). 
De acordo com Dias (2004, p. 471), a arte rupestre “no século XX, foi entendida como um sistema de comunicação. Do ponto de vista da semiologia, a arte rupestre passou a ser considerada um código simbólico, que deveria ser decifrado, como um texto”.
No entanto, os estudos estudiosos que se debruçam sobre o problema da autoria das inscrições rupestres se dividem dois grupos: os ‘alienigenistas’ e os autoctonistas.
Faria (1994, p. 44), explicando essa divisão, afirma que

Os ‘alienigenistas’ admitem a confecção estrangeira por navegadores gregos, hebreus, egípcios e fenícios aqui arribados acidental ou intencionalmente antes de Cabral. Outros ‘alienigenistas’ vão mais longe, argumentando que algumas inscrições expressam refinados conhecimentos astronômicos, os quais somente poderiam ter sido transmitidos por civilizações extraterrestres.

No Brasil, a idéia de serem as inscrições rupestres encontradas no interior como o registro de navegadores oriundos de outras partes do globo, foi, inicialmente, levantada por Ladislau Netto, dire­tor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ainda no início da segunda metade do século XIX.
Aquele pesquisador brasileiro afirmou que os símbolos dos ‘letreiros’ representavam vestígios deixados pelos fenícios, que aqui estiveram em épocas remotas. Inclusive, classificou como fenícia uma inscrição localizada na ‘Pedra da Gávea’, no Rio de Janeiro, apresentando uma tradução que relata o insucesso de uma viagem ao Brasil, promovida a mando do faraó Necao, do Egito.


Apoiado nas suposições de Ladislau Netto, o pesquisador austríaco Ludwig Schwennhagen, que esteve na Paraíba, em 1926, onde realizou pesquisas para esclarecimento das ins­crições rupestres aqui existentes. Schwennhagen é autor de uma polêmica ‘História antiga do Brasil’, onde “apresenta uma tradução do li­vro do historiador grego Tio­doro da Sicília, o divulgador dos périplos fenícios, afirmando que foram os fenícios os primeiros habitantes do Velho Mundo a descobrirem a América” (OZILDO, 1990, p. 11).
Pinto (1986), também adepto dessa corrente, afirma que os hebreus em épocas remotas, visitaram o Brasil e daqui levaram a madeira e o ouro necessários para a construção do Templo de Salomão. Para este autor, seria o Brasil o misterioso país de Ofir, descrito na Bíblia, no Livro dos Reis. Ele apóia suas suposições nas semelhanças lingüísticas existentes entre o idioma hebreu e alguns dialetos falados por tribos indígenas do interior do Amazonas, afirmando também que o vocábulo ‘Solimões’, que designa para o rio Amazonas, é uma corruptela da palavra ‘Salomão’, o grande rei dos hebreus.
Por outro lado, ‘alienigenistas’ como Galdino (1973), Moreau (1977), Däniken (1977) e o próprio Faria (1994), chegam a afirmar que os registros rupestres em pictografia, representam registros astronômicos, executados por seres extraterrestres. Na concepção desse último autor, a Pedra do Ingá, famoso monumento arqueológico encontrado no Estado da Paraíba, são registros astronômicos, produzidos por seres extraterrestres.


Quanto aos autoctonistas, estes se dividem em duas correntes: a primeira (já desautorizada) pregava ser a arte rupestre passatempo dos aborígines. A segunda, acredita “ter florescido no Brasil uma antiqüíssima civilização aborígine que declinara após ter atingindo elevado estágio cultural e material” (FARIA, 1994, p. 44).
Nesse último grupo, mais numeroso, encontram-se pesquisadores de renome a exemplo de Pereira Júnior (1970), Mendes (1970), Martin (1975), Almeida (1979), Dantas (1994) e tantos outros.


A população interiorana do Nordeste brasileiro refere-se às inscrições rupestres co­mo sendo ‘letras dos holandeses’. No entanto, deve registrar que existem sítios arqueológicos com inscrições e pinturas rupestres em locais nunca atingidos pelos holandeses, no Brasil. Datam de 1598, as primei­ras informações sobre a exis­tência de inscrições e pinturas rupestres em solo brasileiro, portanto, muito an­tes da penetração dos flamengos no Nordeste.

2.2 A ARTE RUPESTRE NA PARAÍBA

O Estado da Paraíba, localizado na porção leste do Nordeste brasileiro, é pródigo em sítios de arte rupestre, predominando os de pinturas. Estas são encontradas, em sua maioria, nas paredes rochosas decanyons - localmente chamados de boqueirões, e em paredes e tetos de abrigos ou cavernas.
Estima-se que existam mais de 500 sítios com arte rupestre na Paraíba. Entre os principais, podem ser citados:
a) a Pedra do Touro;
b) a Pedra do Gato;
c) a Pedra da Velha Chica;
d) a Gruta do Silêncio;
e) o Abrigo das Emas;
f) a Pedra do Ingá;
g) o Lajedo de Pai Mateus.
A maioria desses sítios arqueológicos apresenta registros rupestres (gravuras e pinturas) estampados em paredões rochosos, distribuídos nos leitos dos rios, vales e serras. Nesses locais, é comum encontrar representações zoomorfas antropomorfas, geométricas, astronômicas e fitomorfas.


Destes sítios arqueológicos, apenas a Pedra do Ingá, localizada no município de igual nome, foi tombada pelo DPHAN (o atual IPHAN), por iniciativa de Pereira Júnior, em 1944, o qual realizou um estudo ‘in loco’ daquelas inscrições rupestres (PEREIRA JÚNIOR, 1970).
O conhecimento sobre a existência de registros rupestres no interior da Paraíba é algo que remota ao final século XVI, conforme já foi citado. Além de Ambrósio Fernandes Brandão (Diálogos das Grandezas do Brasil, 1618), Elias Herckmans (Descrição geral da Capitania da Paraíba, 1639), também fez referência a um sítio arqueológico por ele encontrado, quando de uma entrada ao interior da Capitania com o objetivo de avaliar os recursos naturais da região de Cupaoba.
Anos mais tarde, em 1670, os padres capuchinhos franceses Teodoro de Lucé e Martim de Nantes, em missão catequista, dirigiam-se ao arraial de Boqueirão do Carnoió, quando, no caminho, encontraram

[...] no meio de uma grande floresta [...] uma grande pedra de grã da altura de nove pés, larga na base, muito bem talhada, sobre a qual estava gravada a imagem de uma cruz de alto a baixo e na parte inferior havia um globo, ao lado de duas figuras que não podiam ser distinguidas por causa do musgo e, em derredor, uma espécie de rosário gravado (NANTES, 1979, p. 54).

O sítio arqueológico descoberto pelo padre Teodoro de Lucé e seu auxiliar, encontra-se no território do atual município de Barra de Santana, desmembrado de Boqueirão, em 1994. Trata-se da ‘Pedra do Altar’, localizada à margem direita do rio Paraíba.


Além dos caracteres descritos pelo padre Martin de Nantes, ali existem várias outras inscrições e pinturas, que constituem belo painel em cor vermelha, todo ele da mesma tonalidade, relativamente bem conservado. Naquele imenso macacão também existe um símbolo abstrato de uns 66 cm de comprimento, além de várias representações de ponteado, setas, mãos positivas e lagartos (ALMEIDA, 1979).
No entanto, analisando a narrativa do padre Martin de Nantes, percebe-se que aquele religioso somente viu no referido sítio elemento religioso, e, utilizou-se dos mesmos para iniciar a conversão dos nativos que faziam parte da referida expedição, atribuindo às mencionadas inscrições uma conotação profética.
Na opinião de Ozildo (1990, p. 11), as inscrições e pinturas rupestres existentes no interior do Estado da Paraíba,

Expressam, sem dúvidas, sentimentos, idéias de um povo que ali habitou. É uma página da nossa pré-história, que como outras inscrições brasileiras, se decifradas, poderão nos oferecer noções exatas sobre a origem ainda desconhecida do homem americano.

Quanto o elemento colonizador adentrou os sertões paraibanos ele foi encontrando vestígios rupestres. Às vezes, quando do requerimento de uma sesmaria, os colonizadores faziam referências a esses vestígios.  Assim, fizeram o padre Valetim Gonçalves de Medeiros e Manoel Timóteo da Vera Cruz, que em 21 de janeiro de 1759, requereram uma gleba de terra no Seridó paraibano, alegando que a mesma ficava na data da ‘Pedra Lavrada’ (TAVARES, 1982), numa referência expressa às pinturas rupestres que existem nas proximidades da sede daquele município paraibano.
Ozildo (1990, p. 11) tratando daqueles achados arqueológicos afirma que

As inscrições de Pedra Lavrada foram descobertas no final do século XVIII, pelos primeiros desbravadores que ali apontaram, em busca de terras propícias à lavoura e à criação de gado. Na época, a ribeira do Seridó já se destacava por sua fertilidade, servindo de estímulo à fixação do homem naquela região. Os blocos de gneiss cobertos de símbolos dos mais variados formatos, serviram como fonte toponomástica, fazendo com que os primeiros povoadores da região batizassem o lugar com o nome de ‘Pedra Lavrada’.

Em diversos municípios paraibanos onde existem vestígios da arte rupestre freqüentemente os habitantes locais associam tais registros à localidade onde os mesmos são encontrados. Assim, no interior da Paraíba é comum o uso de topônimos como ‘Pedra do Letreiro’, ‘Lajes Pintadas’, ‘Pedra Lavrada’, ‘Pedra do Caboclo’, ‘Pedra Furada’, ‘Lajedo Pintado’, etc.
Em 1893, lrineu Jofilly em seu valioso livro ‘Notas Sobre a Paraíba’, abriu um parêntese para tratar das inscrições e pinturas rupestres, existentes no território paraibano, afirmando:

Julgamos merecer a mais séria atenção de todos os homens estudiosos, o assunto de que passamos a nos ocupar, referimo-nos aos letreiros ou inscrições que encontram em grande número de rochedos em toda a Borborema, ou antes, em toda a Paraíba (JOFILLY, 1977, p. 88).

Para fundamentar seu relato, aquele ilustre historiador paraibano utilizou-se das anotações de um relatório escrito pelo engenheiro Francisco Soares Retumba que, em 1886, visitou a povoação de Pedra Lavrada, no Seridó paraibano.


Ainda segundo Jofilly (1977, p. 89), após copiar integralmente as inscrições ali existentes, aquele engenheiro concluiu: “ignoro se haverá quem possa compreender o que significam as inscrições [...]. Cumpre, pois, quanto à Paraíba, que se cuide seriamente de colecionar todas as inscrições que se encontram a miúdo em nossos sertões”.
Embora alguns estudiosos - ditos ‘alienigenistas’ - tentem relacionar os registros rupestres existentes no interior do nordeste brasileiro aos fenícios,

[...] Até aqui, os achados arqueológicos não revelaram vestígios da passagem de fenícios pelo Brasil. E se quisesse sustentar a tese de fenícios como povoadores do continente americano, as dificuldades seriam maiores uma vez que o período áureo da história daquele povo situa-se no tempo compreendido entre os séculos X e VII a.C. e em datas muitíssimo anteriores, já foi registrada a presença do Homem em nosso continente (ALMEIDA, 1979, p. 24).

Desta forma, deve-se afastar por completo a idéia de serem os fenícios ou outros povos (europeus ou asiáticos) os autores das inscrições rupestres encontradas no território brasileiro - e em especial, na Paraíba - aceitando-se como verdadeiro que seus principais executores foram os indígenas, que viveram em épocas remotas.
No entanto, deve-se reconhecer que as suposições e conclusões de alguns pesquisadores, a exemplo de Almeida (1979), Martin (1975) e Pereira Júnior (1970), já emprestaram ao estudo das inscrições rupestres existentes na Paraíba, uma importância capital, excluindo afirmações superficiais, segundo as quais tais registros arqueológicos não passariam de meras brincadeiras de índios.
Abordando as inscrições rupestres existentes na Paraíba, Lima (1953, p. 114), afirma que “todas guardam as mesmas características, os mesmos traços de origem como se representassem elos de um só circulo de influência”. E, que “não há dúvida que existe uma inter-relação dessa escrita nos diversos lugares onde teria predominado uma civilização antiga”.


No entanto, boa parte do patrimônio arqueológico existente no Estado da Paraíba vem se perdendo ao longo do tempo, em decorrência da depredação do homem. Deve-se registrar que muitos vestígios rupestres foram destruídos, por ignorância ou conveniência.
Observa Silva (2006, p. 114), que

Devido a sua fragilidade, esses monumentos arqueológicos estão vulneráveis à ação do tempo e principalmente à destruição humana. Esta intervenção humana vem sendo responsável pela danificação parcial ou total dos sítios arqueológicos, tendo como fatores: a construção civil; a extração de rochas, a falta de informações e, conseqüentemente, o vandalismo.

Na Paraíba, inúmeros sítios arqueológicos estão sob ameaça de depredação constante, ligadas ao garimpo/mineração de rochas ornamentais, atividade econômica forte em alguns municípios, a exemplo de Pedra Lavrada, Junco do Seridó e Picuí (possuidores de sítios arqueológicos com arte rupestre), e a visitação turística, problema reforçado pela ausência de trabalhos que mostrem à população local a importância dos sítios existentes.
Dos diversos fatores de degradação que podem incidir sobre os painéis de pinturas e inscrições rupestres, a ação humana se destaca como forte agente de destruição.
Por outro lado, deve-se registrar que o trabalho de conscientização junto às populações interioranas é algo fundamental para a preservação dos sítios arqueológicos.
Na Paraíba esse trabalho vem sendo desenvolvido por uma organização não-governamental, denominada de Programa de Conscientização Arqueológica (PROCA), que, desde 1995 vem contribuindo com as instituições oficiais a manter o patrimônio arqueológico preservado. Essa organização interage através da conscientização, desenvolve cursos, palestras, seminários, bem como o levantamento de sítios arqueológicos em todo território paraibano.

2.3 AS REPRESENTAÇÕES RUPESTRES DO MUNICÍPIO DE CONDADO-PB

O território que atualmente constitui o município de Condado foi desmembrado do município de Pombal, considerado rico em registros rupestres.
Afirma Seixas (2004), que a noroeste da cidade de Pombal, nas serras do Comissário e do Cabeço, existem vários pontos onde podem ser encontradas pinturas e inscrições sobre a rocha dura. O referido autor também relata a existência de vestígios rupestres em várias localidades que atualmente pertencem aos municípios de Paulista, Malta e Vista Serrana, cujos territórios desmembraram-se do município de Pombal.
Em Condado, até o presente, foi identificado um sítio arqueológico, localizado na comunidade Algodão, de propriedade dos herdeiros de Antônio Machado de Oliveira, distante 12 quilometros da sede do referido município.


Nesse sítio, identificam-se desenhos geométricos integrantes de uma tradição cosmológica que, segundo Beltrão (1995), parece ser a mais antiga das três existentes na América, associados ou não a representações pictóricas da fauna e flora pleistocênica e que algumas dessas pinturas podem ter idades em torno de 18mil e 30 mil anos.
As inscrições rupestres de Condado são envoltas em um misto de mistério e fascinação. Apesar da importância do sítio, nunca foi publicado nenhum estudo sistemático.  Existem algumas referências sobre certas publicações voltadas para a história do sertão paraibano, nas quais esses registros arqueológicos aparecem como simples ‘curiosidades’.
No entanto, “a simetria e a combinação desses sinais não podem ser lançados ao acaso; elas exprimem com certeza, pensamentos humanos; são monumentos escritos de uma raça que ali habitou” (JOFILLY, 1977, p. 88).


No Sítio Algodão, vândalos deixaram suas marcas, com incisões alfanuméricas, comprometendo a integridade dos registros rupestres. Desta forma, urge que sejam tomadas providências visando à preservação daquele sítio, pois, a perda daqueles registros rupestres implicaria em lacunas em relação ao estudo da pré-história local, prejudicando, de certa forma, a construção da história do Sertão paraibano.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sítio Arqueológico Algodão está localizado na margem esquerda do riacho Cipó, sobre um grande bloco de pedras, medindo em forma diagonal 200m de comprimento por 75m de largura, apresentando, em seu ponto máximo, uma altura de aproximadamente 20 m.
A vegetação e o relevo do local onde se localiza o sítio se mostra característico do sertão paraibano. As gravuras foram feitas sobre blocos de rochas que, muitas vezes, se encontram bastante desgastados pelo intemperismo que é comum na região. O local onde se encontram os painéis é de fácil acesso.


O sítio apresenta-se com gravuras em motivos geométricos lineares e circulares, com interferência atual nas gravações (ação antrópica), e com as gravuras que se limitam à região do córtex da rocha. Há vários locais em que o sol e a chuva agiram diretamente sobre a rocha, pois eles se encontram a céu aberto, fazendo com que as camadas superficiais destas rochas estejam prejudicadas, favorecendo a ação da erosão nas gravuras, aumentando o seu desgaste.
As gravações foram executadas sobre um lajedo granítico coberto por um tipo de fungo que, em alguns pontos, dá umas colorações douradas, distribuídas horizontalmente. No entanto, existem algumas representação que possivelmente caracterizem pegadas de aves, peixes e a representação aproximada de escorpião.


Tais gravuras foram picoteadas. Há também círculos radiados e um grande conjunto vertical de círculos interligados. Entretanto, no todo, a conservação é regular, sendo que muitas gravuras já foram danificadas pelo intemperismo por ficar totalmente exposto ao sol e à chuva, apresentando, em alguns pontos, processo de descamação.
A base do sítio é formada pelo afloramento arenítico e blocos soltos, um dos quais apresenta gravuras. No período de chuvas, a água deposita sedimento arenoso entre os blocos. Foi realizada uma limpeza em toda a área abrigada, retirando-se uma camada de sedimento arenoso depositado pelas chuvas, não se encontrando nenhum material arqueológico.


 Para uma efetiva proteção do entorno e visibilidade do Sítio Arqueológico Algodões, existe a necessidade de uma demarcação de uma zona de preservação rigorosa, com características que deverão ser anexada na legislação municipal vigente.
Tal particularidade justifica-se pelo fato de vândalos já terem destruído parte do referido sítio, inclusive, utilizando dinamite, sob a alegação de que estão procurando minério, em detrimento ao valor cientifico do acervo arqueológico local.


EQUIPE DE APOIO




4 REFERÊNCIAS

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